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A saúde mental no ambiente de trabalho, outrora um tema marginalizado, ganhou um protagonismo incontestável com a recente atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1). Essa mudança significativa na legislação brasileira marca um avanço crucial na promoção do bem-estar dos trabalhadores, ao exigir que as empresas incluam os riscos psicossociais no gerenciamento de riscos ocupacionais.

Panorama Geral

Segundo a OMS, cerca de 15% dos trabalhadores adultos em todo o mundo convivem com algum tipo de transtorno mental. No Brasil, segundo uma pesquisa do Infojobs, 86% dos trabalhadores considerariam trocar de emprego para preservar sua saúde mental, enquanto 61% não se sentem satisfeitos ou felizes em seus trabalhos e 76% conhecem alguém que precisou se afastar do trabalho por questões psicológicas. As doenças mentais são a terceira causa de perícias médicas no INSS, com a depressão liderando essa lista, de acordo com o SEBRAE.

A OMS estima que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e ansiedade, resultando em um custo global próximo a US$ 1 trilhão.

Os principais fatores que contribuem para transtornos psicológicos no trabalho, segundo a Associação de Saúde e Segurança Ocupacional (Occupational Safety and Health Association - OSHA) são:

72% relacionados à reorganização do trabalho ou insegurança;

66% devido a extensos horários de trabalho ou volume excessivo de tarefas;

59% associados à intimidação ou assédio no ambiente laboral.

Diante desse cenário, a nova NR-1 torna obrigatória a identificação e o gerenciamento dos riscos psicossociais nas empresas.

O que muda na prática?

A alteração da NR-1 torna obrigatória a inclusão dos riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) das empresas. Na prática, isso significa que todas as organizações, sejam elas pequenas, médias ou grandes, devem agora:

Identificar os riscos: realizar uma avaliação detalhada do ambiente de trabalho para identificar fatores que possam gerar estresse, ansiedade, burnout e outros problemas de saúde mental.

Implementar medidas de controle: desenvolver ações para prevenir e reduzir os riscos identificados, como programas de treinamento para gestores, canais de comunicação abertos, programas de bem-estar e apoio psicológico.

Monitorar e avaliar: acompanhar continuamente a efetividade das medidas implementadas e realizar ajustes conforme necessário.

Para implementar um programa de saúde mental eficaz, as empresas podem seguir algumas orientações:

Comunicação aberta: estimule um ambiente de trabalho onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar suas preocupações e buscar ajuda.

Treinamento de gestores: capacite os gestores a identificar sinais de sofrimento mental e a lidar com situações de estresse.

Programas de bem-estar: ofereça atividades que promovam a saúde física e mental, como yoga, meditação e palestras sobre temas como gestão do estresse.

Acesso a serviços de saúde: facilite o acesso a serviços de saúde mental, como psicólogos e assistentes sociais.

Política de prevenção ao assédio: implemente uma política clara e rigorosa para prevenir e combater o assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.

A inclusão dos riscos psicossociais na NR-1 representa um marco importante na história da saúde ocupacional no Brasil. Investir na saúde mental dos trabalhadores não é apenas uma questão de compliance ou mais uma estratégia inteligente de negócios que pode trazer benefícios significativos a longo prazo. Ao investir na saúde mental de seus colaboradores as empresas cumprem a legislação, mas também constroem um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e humano.